Os jardins botânicos sempre foram apreciados pela beleza que abrigam. São como ilhas de serenidade em meio ao barulho e poluição das cidades. Além disso, contribuem para o aumento da biodiversidade que se refugia nesses espaços. Eles também fazem parte da infraestrutura verde das cidades, que tem importância crescente na adaptação aos impactos das mudanças climáticas nas áreas urbanas.

Os jardins botânicos sempre existiram para familiarizar os seres humanos com o mundo natural em torno deles. Os primeiros jardins botânicos do mundo foram os jardins físicos da Itália, nos séculos XVI e XVII. Esses jardins eram basicamente voltados para o estudo acadêmico de plantas medicinais. Eram lugares abertos ao público e no qual as plantas eram rotuladas.

Mais tarde, durante os séculos XVI e XVII, na era da exploração e nos primórdios do comércio internacional, jardins como o Royal Botanic Gardens, o Kew da Inglaterra, e o Real Jardim Botânico de Madri foram criados para tentar cultivar novas espécies que estavam sendo trazidas das expedições dos trópicos. Assim, os jardins botânicos tornaram-se componentes vitais do comércio.

Depois, durante os séculos XIX e XX, esses espaços se tornaram muito mais do que coleções de especiarias e plantas medicinais. Jardins municipais e cívicos foram criados em toda a Europa. Quase todos esses jardins eram principalmente para fins de lazer, com muito poucos deles tendo algum programa científico.

Mais recentemente, nos últimos 30 anos, os jardins botânicos viram um renascimento como instituições científicas devido ao surgimento do movimento de conservação e resgate da biodiversidade vegetal. Muitos deles assumiram o compromisso de combater a extinção e a perda da diversidade biológica. Só para ter uma ideia, um levantamento de 1.116 coleções botânicas mostra que elas detêm representantes de cerca de 30% das espécies de plantas do mundo.

Atualmente, a conservação da biodiversidade é a razão de ser desses espaços. A maioria dos jardins botânicos oferece sérios programas de pesquisa e educação ambiental para o público geral. Muitos deles têm se ocupado em combater o que se chama de “cegueira de plantas”, isto é a incapacidade de ver ou notar as plantas em seu ambiente, a incapacidade de reconhecer a importância das plantas na biosfera e para os humanos e a classificação antropocêntrica equivocada das plantas como inferior aos animais e, portanto, indigna de consideração. São nesses pontos que a educação botânica se centra.

Com mais de 1.775 jardins botânicos em todo o mundo, o Brasil é um dos países que mais possui esses espaços. São 43 jardins botânicos espalhados por cidades brasileiras, segundo dados do Botanic Gardens Conservation International, uma rede mundial de jardins botânicos. Dez deles estão no estado de São Paulo. E Jundiaí é privilegiada em ter o seu, desde 2004.

O jardim botânico de Jundiaí está inserido em uma região que engloba dois domínios considerados altamente ameaçados, a Mata Atlântica e o Cerrado e tem se dedicado a estabelecer uma coleção que represente a flora desses dois domínios. Na sua coleção de plantas vivas para conservação, ele possui 122 espécies de Mata Atlântica, das quais 20 são ameaçadas de extinção, totalizando 1.593 indivíduos. Possui ainda, 25 espécies do Cerrado, sendo três ameaçadas de extinção, totalizando 409 indivíduos.

Seja para aprender um pouco mais sobre a importância das plantas ou para contemplar a natureza, vale uma visita a esses espaços, cada vez mais necessários nas áreas urbanas. (Foto: https://www.flickr.com/photos/brunopmuniz/8001788183).

Para saber mais:

https://www.nature.com/articles/s41477-017-0019-3

https://www.bgci.org/

https://www.nature.com/news/world-s-botanic-gardens-should-work-together-1.22662

http://www.iac.sp.gov.br/publicacoes/agronomico/pdf/v55-1_paginas56a60.pdf

https://jardimbotanico.jundiai.sp.gov.br/wp-content/uploads/lista-de-esp%C3%A9cies.pdf

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